Mãe fala sobre atleta do Corinthians de 16 anos morto em acidente em SP: 'Sonho dele era ser jogador e concluiu'
Grupo estava em festa e aceitou carona de motorista, que está preso, e teria bebido antes de perder o controle da direção na Zona Sul de São Paulo. Jogador e três mulheres morreram.
A mãe do adolescente, de 16 anos, que era jogador futsal do Corinthians e morreu em um carro capotado na Avenida Guarapiranga, na Zona Sul de São Paulo, na manhã de domingo (12), afirma que o filho estava feliz com a boa fase na carreira de atleta e por ter ganhado uma bolsa de estudo do ensino médio.
“Era muito esforçado. Ele falava pra mim: 'Mãe, esse vai ser meu ano'. Ele sabia o que queria. Jogava de domingo a domingo, não tinha tempo ruim. Amava muito a bola”, disse Danieli Leoncio, mãe de Yago Rafhael da Silva Alves, de 16 anos, ao g1. "O sonho dele era ser jogador e concluiu."
De acordo com o boletim de ocorrência, Yago, Danubia de Olindo Dantas e Jessyca Tayna dos Santos Silva, de 27 anos, morreram no local. Juliana Henrique Teodoro, de 38 anos, não resistiu e morreu no Hospital M’Boi Mirim. Os familiares das mulheres não quiseram comentar sobre o caso.
O proprietário do carro teve a prisão preventiva decretada na segunda-feira (13) e foi denunciado pelo Ministério Público na quinta-feira quatro vezes por homicídio e duas por homicídio tentado. O juiz ainda irá se manifestar.
Ele está sob escolta policial no Hospital do Campo Limpo. O acidente matou quatro pessoas e deixou três feridas. A defesa dele não foi localizada até a última atualização desta reportagem (veja detalhes do acidente mais abaixo).
Um dos sobreviventes disse à polícia que o motorista, o advogado Fabio Sousa Silva, "fez gracinhas" na direção antes de capotar o veículo, na saída de um samba. No processo, a defesa alega que um buraco no asfalto teria sido a causa.
Jovem promissor
Yago era jogador sub-16 de futsal — Foto: Arquivo pessoal
A relação de Yago com a bola, segundo a mãe, começou aos 8 anos. O ídolo dele era o português Cristiano Ronaldo.
“Pegava bolinhas, fazia bonequinhos e montava os profissionais na quadra. Pegava as bolinhas e fazia de jogador. Me falava: ‘Mãe, eu vou ser um jogador. Eu só preciso que a senhora acredite em mim, me ajude, me apoie até eu virar um jogador’. Corri atrás do sonho dele."
Yago logo começou a participar de testes. Antes da pandemia de Covid, ele passou pela Ponte Preta, em Campinas, foi para o São Paulo e foi chamado para o Corinthians no segundo semestre de 2022.
"Parou tudo [na pandemia], e ele não desistiu. Um amigo dele o levou para fazer um teste no São Paulo e passou. Jogou várias partidas. Gostava do campo também, mas amava o futsal, se identificava mais”, comenta Danieli.
O Corinthians deu a ele uma bolsa de estudos, segundo a mãe. Yago estava no segundo ano do ensino médio, na Zona Leste. O estudante saía às 4h30 para ir à escola, seguia para o treino e, por volta das 22h, voltava para casa.
Última conversa
No dia do acidente, a mãe, Yago e o irmão dele, de 8 anos, estavam em casa. No fim da noite, amigos o chamaram para comer uma pizza, segundo Danieli. Ele comentou que voltaria logo e pediu para a mãe deixar a porta aberta.
"Ele só me mandou uma mensagem falando: ‘Mãe, daqui a pouco estou aí’. Não voltou mais", lamentou ao relembrar durante a conversa com o g1.
Horas depois, quando já estava dormindo, Danieli foi avisada pela mãe de outro colega sobre o grave acidente perto de casa.
“Amava o irmão dele, que quer ser artista plástico. Ele tem desenhos lindos. Vou procurar lugar que faça cursos e apostar no sonho dele da mesma forma que eu apostei no sonho do Yago.”
O acidente
Capotamento na Avenida Guarapiranga, no Parque São Luis, Zona Sul de São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo
O que você precisa saber sobre o acidente:
- Sete pessoas estavam no carro na hora do acidente;
- Todos estavam em uma festa num bar próximo;
- O samba iniciou às 22h de sábado e durou a madrugada toda;
- Algumas pessoas aceitaram carona do motorista, que havia ingerido bebida alcoólica, segundo testemunhas, para esticarem o tempo juntos em outro local;
- O motorista estaria em alta velocidade, teria feito manobras e perdido o controle da direção.
Por volta das 6h da manhã de domingo, todos decidiram seguir para uma casa em outra rua para esticar o tempo juntos. Parte foi a pé, mas alguns aceitaram a carona do advogado Fabio Sousa.
Um sobrevivente contou à polícia que, assim que deu partida, o motorista tentou fazer manobras em alta velocidade até o carro capotar.
O carro está no nome do advogado e foi apreendido. Um celular que seria dele também será periciado.
Capotamento na Avenida Guarapiranga, no Parque São Luis, Zona Sul de São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo
Fonte https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2023/02/17/mae-fala-sobre-atleta-do-corinthians-de-16-anos-morto-em-acidente-em-sp-sonho-dele-era-ser-jogador-e-concluiu.